Pesquise no Google sem sair do Blog!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Comunicação de massa e a capacitação do profissional da educação

Pense na informação como um produto. Vejamos: pense na informação como um pão. Na sociedade capitalista de consumo os consumidores precisam avaliar o pão em alguns aspectos: qualidade e preço. Nós, enquanto consumidores, temos três alternativas caso o pão não nos satisfaça: deixar de comprá-lo, produzí-lo ou exigir que o governo regulamente a oferta de pães - o que pode ser um perigo pois o excesso de regulamentação pode afetar a qualidade do produto para pior. Caso fizermos a opção por produzí-lo podemos distribuí-lo para a família, vizinhos e amigos, com risco de ter um pão pior ainda pois nos faltaria a técnica para produzí-lo com qualidade.
Agora voltemos para a informação como produto. Estamos de acordo com seu conteúdo? Os veículos de comunicação - seus donos no caso - decidem o que produzir e o fazem de acordo com o que os consumidores desejam, evitando assim a concorrência. Da mesma maneira que no caso da panificação temos três alternativas: não consumir a informação - mas isso não é possível hoje -, exigir regulamentação do governo - correndo risco de ter uma informação piorada, ou produzí-la nós mesmos. O desenvolvimento da tecnologia nos permite isso com os celulares, câmeras, internet, impressoras etc. Mas estamos preparados para sermos donos de um meio de comunicação de massa?
Hoje assistimos a popularização dos meios de comunicação que já vem com um diferencial: a capacidade de interação entre o produtor da informação e seu público. Um claro exemplo é o blog - inclusive sendo usado agora para trasmitir um conteúdo - que sem os comentários de nada serve. Ou seja, nao faz sentido uma postagem se não há espaço para a opinião do leitor.
Mas é preciso ter a técnica para produzir um conteúdo de qualidade. É preciso conhecer a linguagem própria daquele veículo. Alguns exemplos: tamanho do texto, títulos com letras em caixa alta, a posição do conteúdo na página e se está na página par ou ímpar da publicação. Pois não basta querer produzir e ter boa vontade é preciso saber produzir. No caso dos pães sabemos o que é um bom pão, saboroso e saudável. Os adultos jamais ofereceriam a seus filhos um pão ruim conscientemente, pois sabem o que deve e não deve ter num bom pão. Mas e os conteúdos dos meios de comunicação? Sabemos escolher? Sabemos produzir bem?
Falando agora de escola: caso ela esteja baseada na pessoa do professor como centro do saber, será muito difícil introduzir as tecnologias de produção de conteúdos. E é justamente este tipo de profissional que mais resiste aos meios de comunicação. Pois alega que estes o substituirá!
O professor deve ser, de acordo com a professora Genèvieve Jaquinot, um Educomunicador. É aquele profissional que se coloca como mediador dos conhecimentos - valoriza a participação, a construção do saber e os saberes prévios dos alunos. Demonizar os meios de comunicação e informação e as tecnologias utilizadas é muito cômodo, mas muito fora da realidade. Elas já estão dentro de nossas casas e escolas. Nas mãos de crianças e adolescentes que as dominam mais e melhor que os adultos. Por isso, é necessário que todo o corpo escolar se posicione diante das mídias não como adversários mas sim parceiros no processo de aprendizagem. Mas sem treinamento, sem um professor capaz de identificar as linguagens dos meios de comunicação, toda compra de equipamento será apenas dinheiro jogado fora.
Então professores, não se assustem! É possível ser dono de um meio de comunicação em massa. Será difícil no início, mas recompensador para todos. Os alunos terão auto-estima aumentada, senso de responsabilidade, ganharão em autonomia e serão produtores e disseminadores da cultura local.

Baseado em: DIMMI, Amora. Professor, você está preparado para ser dono de um meio de comunicação de massa? In: FREIRE, Wendel (org.). Tecnologia e educação: as mídias na prática docente. Rio de Janeiro, Wak, 2008.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Vídeo sobre as inovações na sala de aula

Percebo que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) e seu uso dependem muito da postura democrática e libertária do professor e da instituição em que ele atua.
Não bastam computadores novos e metodologia velha. Não bastam softwares modernos se o que norteia o trabalho é a intolerância e a inflexibilidade. Como Feinet já propunha: a escola deve ser prazerosa, onde o aluno deseje permanecer, onde o coração, a afetividade e as emoções predominem, onde haja alegria e prazer para descobrir e aprender.
Vejam que o vídeo tem tudo a ver com o Método Natural que ele criou...

Freinet e as migalhas na vida pedagógica

Texto de Célestin Freinet-Trabalho em migalhas



Só há migalhas em nossa vida de educadores. Nem mesmo chegamos mais a juntá-las, o que, aliás seria em vão, migalhas amassadas e empelotadas que só dão pra fazer bolinhas, ótimas para servir de projéteis nos refeitórios.
Migalhas de leitura, caídas de uma obra que ignoramos e que têm esse gosto de pão dormido, do pão que rolou muito por prateleiras e sacos.
Migalhas de histórias, algumas mofadas, outras malcozidas, e cujo amálgama se apresenta como um problema insolúvel.
Migalhas de matemática e migalhas de ciências, como peças de mecânica, signos e números que uma explosão teria dispersado, cujo quebra-cabeças é um sacrifício resolver.
Migalhas de moral, como gavetas que são deslocadas na complexidade de uma vida de infinitas combinações.
Migalhas de arte...
Migalhas de aula, migalhas de horas de trabalho, migalhas de curso...
Migalhas de homens!
Perigos de uma escola que alinha, compara, agrupa e reagrupa, ausculta e avalia essas migalhas.
Urgência de uma educação que evite um desastre irreparável e que faça circular sangue novo na função viva e construtiva da pedagogia do trabalho.
Célestin Freinet em Les Dits de Mathieu

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Célestin Freinet


Freinet foi um educador francês, nascido em 15 de outubro de 1896 num vilarejo chamado Gars - Provença, França - e precoce na carreira do magistério. Foi nomeado professor em 1920 com 24 anos.
Este jovem tinha ideias bastante revolucionárias para a época. Defendia uma metodologia de ensino que pudesse envolver todas as crianças no processo de ensino/aprendizagem e respeitasse seus direitos de crescer em liberdade - independente das diferenças (inclusive as de caráter social).
Toda sua história esteve ligada a luta pela transformação da escola - fria, distante da vida, teórica e dogmática. Sua proposta era que a escola fosse um lugar prazeroso, onde as crianças quisessem estar, onde a afetividade e as emoções predominassem e onde houvesse alegria e prazer na descoberta e na aprendizagem.
Apontava para uma metodologia de cooperação e atividade, bem diferente do que se fazia na época. Mesmo assim o que queria não era uma metodologia irretocável, mas sim que se pudesse dialogar, construindo uma nova pedagogia.
Mesmo tendo preocupação em fundamentar suas ideias teoricamente ele não se descuidou de ligar a escola com os fatos sociais e políticos que a condicionavam. Preocupava-se com as necessidades das crianças e menos com o aspecto da novidade. "Temos que fazer nascer o futuro no seio do presente e do passado, o que implica, não um espetacular apelo à novidade, mas prudência, método, eficiência e uma grande humanidade".
Era completamente oposto ao autoritarismo - tendo sofrido com isso na infância. Na prática procurava incentivar os alunos pelo trabalho numa vivência coletiva permeada pelo ambiente e pela ação.
Antes de transformar sua sala de aula, Freinet já havia definido dois grandes eixos da nova pedagogia que deveria ser prática e cooperativa.
Ele que acreditava no homem como ser social e fazedor da história tinha fascínio pelo trabalho em pequenos grupos. Um trabalho dinâmico partindo do conhecimento que a criança já possua, respeitando seu ritmo para que ela atinja plenamente seu potencial.
É possível uma escola assim? Na escola onde você estudou ou estuda era ou é assim ou mesmo parecido com isso que Freinet pregava? Deixe sua opinião!

Baseado em: ELIAS, Marisa Del Cioppo. Celestin Freinet: uma pedagogia de atividade e cooperação. Petrópolis, Vozes, 1997

domingo, 9 de janeiro de 2011

Um pouco de poesia

Ultimamente tenho me interessado mais por poesia.
Tenho lido Augusto dos Anjos... dentre outros como Clarice Lispector - tão melancólica - e Adélia Prado -tão romântica!
Abaixo um poema dele - Augusto - que gostei... O MORCEGO



Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, á noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!